Julho de 2007 - Nº 06    ISSN 1982-7733
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Internet: a segunda vida?

Samira Moratti Frazão

20 anos, 2º ano Comunicação Social/Jornalismo - Centro Universitário São Camilo

Cachoeiro de Itapemirim - ES

A Internet, na atual conjuntura, fomenta uma vida "perfeita", ditada pela sociedade, para a dura realidade das pessoas.

 

Foto - Fonte: site sistelbra

 

A Internet, na atual conjuntura, fomenta uma vida "perfeita", ditada pela sociedade, para a dura realidade das pessoas.

 

Violência, pobreza, falta de oportunidades, limitações: estes são alguns dilemas na vida dos seres humanos, em todo o mundo. As pessoas se sentem, constantemente, acuadas por não poderem realizar seus desejos, alcançar objetivos e realizar sonhos. Vivem, muitas vezes, frustradas, e algumas até adquirem, devido a tais fatores, doenças como a depressão.

A Internet, contudo, mudou parte dessa perspectiva na vida das pessoas. Por intermédio dela, "navegamos" por outros países, descobrimos mistérios, adquirimos conhecimento, além de conhecermos outros indivíduos. A Internet, para muitos, tornou-se uma segunda vida, uma forma alternativa de viver conforme se deseja. Tanto que, atualmente, vive-se em função deste meio de comunicação e conhecimento: seja no trabalho, na escola ou em casa, sendo considerável a parcela de pessoas que dispõem deste meio para trabalhar, estudar e buscar entretenimento. Segundo o PNAD 2005 (através do IBGE), estima-se que há no Brasil 32,1 milhões de usuários da Internet. Destes, em 2005, 21% da população com mais de 10 anos de idade acessou a Internet pelo menos uma vez, em computadores de qualquer local (residência, lan house, escola, trabalho, etc.), sendo que a freqüência de utilização, de uma vez ao dia entre estes usuários, era de 36,3%*.

A Internet também veio como forma de quebrar paradigmas. Os relacionamentos, sejam eles amizades ou namoros, são realizados constante e normalmente pela rede da web, seja por site de relacionamentos ou comunidades que debatem algum assunto, porém que servem de alguma forma para fomentar o encontro de pessoas. O Orkut é um exemplo. Uma grande comunidade que reúne milhões de usuários, os quais buscam amizade, contatos profissionais ou mesmo relacionamentos amorosos. O entretenimento, no entanto, não fica de lado.

Além do Orkut, outro site de divertimento acabou por se transformar em ponto de encontro para amigos ou casais: o Second Life. É um jogo no qual as pessoas desenvolvem protótipos seus para viverem uma vida virtual, sendo comandados por seus próprios "eu's" reais. Criam-se perfis com dados das pessoas e o "eu", como personagem virtual, fazendo com que os indivíduos possam viver, literalmente, uma segunda vida, com direito a passeios em Shoppings Centers, ida a bancos, escolas, empresas, etc. As empresas aproveitam mais esta sensação da web para poder divulgar seus produtos e serviços, por intermédio da publicidade. E, assim, as pessoas "idealizam" uma vida que não possuem.

Em sites de relacionamento ou jogos, como são os casos do Orkut e do Second Life, as pessoas podem estar dizendo, ou não, a verdade. Aos usuários e demais contatos interligados a estes, cabe acreditar ou não nas informações acerca dessa ou daquela pessoa. Um usuário cadastrado no Orkut, por exemplo, pode-se dizer solteiro, ter estatura mediana, ser extrovertido, com 25 anos de idade, mas que, na realidade, é totalmente diferente. Logo, percebe-se que este indivíduo criou um "molde", que julga ser "ideal" perante as concepções de beleza e de vivência, ditadas pela própria sociedade, para poder inserir-se em um mundo que compreende ser perfeito. A Internet, nestes casos, transforma-se em válvula de escape para pessoas tímidas, inibidas, com dificuldades de interagir com outras pessoas, ou mesmo que estão frustradas, ou ainda receosas de praticar os relacionamentos reais, devido a fatores externos, como a violência, por exemplo.

Em reportagem do jornal A Gazeta (Vitória / ES; 25 mar. 2007) que aborda as relações viabilizadas pela Internet, o diretor do departamento de Filosofia da Puccamp, Sr. José Antônio Transferetti, disse que os relacionamentos na pós-modernidade são superficiais, já que a maior parte de informações e vivências são meramente descartáveis. Afirma ainda que as pessoas buscam a Internet, para viver uma vida, escondidos em personagens irreais, que permitem o fácil relacionamento da pessoa quando esta assim necessitar.

Algumas pessoas, acostumadas a este novo "estilo de vida", passam tanto tempo na frente da tela do computador, que deixam de lado os relacionamentos reais, com familiares e amigos. Alguns críticos do assunto certificam que, além da Internet, as demais tecnologias, de alguma forma, contribuem para que os indivíduos se individualizem com maior freqüência, o que prejudica a vida e os relacionamentos a serem vividos na vida real.

Com isso, verifica-se que a Internet, por mais que promova uma vida que, para muitos, não passa da idealização do seu cotidiano, traz também os riscos vividos na vida real. Um exemplo são os roubos virtuais, das vultosas quantias de dinheiro, que são desviadas de contas bancárias com um simples click no mouse dado por um hacker. Os relacionamentos também possuem considerável risco, já que por algumas pessoas criarem outro "eu", podem também ter o objetivo de enganarem outras, como foi o caso da funcionária pública de Brasília, que encontrou um "amor" virtual em um site de relacionamentos ( Orkut) o qual, na verdade, era um estelionatário que deu o famoso "golpe do baú". O que poderia ser uma verdadeira história de amor terminou com o suicídio incitado da servidora pública, devido a um pacto de morte feito com seu "companheiro", e seus bens em posse do seu cônjuge virtual.

Por isso, é necessário que o uso da Internet seja feito moderadamente. Os riscos, sempre existirão, mas é preciso conciliar a "segunda vida" com a vida real, para que uma não aprisione a outra. Afinal, somos humanos, criadores das tecnologias existentes e dominadores destas. É, portanto, o homem quem deve dominar a máquina, e não o contrário.

 

* Fonte de pesquisa: http://www.teleco.com.br/internet.asp    

 

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