Matheus
Paggi
18 anos, 3º
ano E.M. Nova Escola
São Paulo - capital
Imagine
um país no planeta, que é imenso, possuidor
de riquezas naturais, e “bonito por natureza”.
Esse país tem uma das maiores densidades demográficas
do globo, que, de maneira peculiar é formada por
diferentes culturas, de traços fortes e valorosas
tradições. Pois bem, é chegada a hora
das eleições nesse país, e com ela,
a incumbência dos eleitores de decidirem quem os representará
politicamente pelos próximos quatro anos. Dada a
importância do voto, o debate a respeito dos candidatos
é intenso, o interesse pelas propostas dos mesmos
também, e o envolvimento dos cidadãos é
formidável, certo? Provavelmente sim, mas se esse
país for o Brasil, as coisas não serão
bem assim.
Todo
ano de eleições a mesma palhaçada se
repete. Com campanhas extremamente demagógicas, projetos
impossíveis e promessas vagas. São dezenas
de exemplos de “senhores”, que se candidatam,
e na maioria das vezes, por meio do já desgastado
populismo, conseguem um lugar em Brasília. Ao chegarem
lá, fazem “muito”, desviando recursos
públicos e envolvendo-se em transações
podres, que vão de “mensaleiros” a “sanguessugas”.
No país da impunidade, a grande maioria desses políticos
sai ilesa desse tipo de episódio, aparecendo com
a maior “cara-de-pau” nas eleições
seguintes, como se nada tivesse acontecido, afinal, esse
tipo de político “rouba, mas faz”.
É um quadro bem desanimador o da política
brasileira. O exemplo atual é o retrato disso: a
maior parte daqueles que colocaram Lula no poder, por meio
do voto, tinham a esperança de que ele, de origem
humilde, como “retrato do Brasil e de seu povo”
saberia conduzir o país olhando para os grandes problemas
sociais.
Nesse contexto, os brasileiros parecem cada vez menos esperançosos
com seus governantes, anulando seu voto, escolhendo qualquer
candidato, dando um tiro na democracia. O jovem por sua
vez, geralmente adota a mesma postura, pois é o reflexo
de seus familiares, pais e professores. Esse é um
dos maiores e mais graves problemas do Brasil: a alienação
política.
Como já alertava o poeta e dramaturgo Bertold Brecht,
o analfabeto político é aquele, que
simplesmente ignora a política. Para ele, a política
é “um saco” e nenhum candidato presta,
já que são todos iguais. Daí, muitas
vezes acaba anulando seu voto. Mal sabe ele que esse tipo
de postura só favorece o político corrupto,
que acaba se mantendo no poder.
Não se pode tirar toda a razão dessas pessoas,
dada o desânimo causado pelos políticos brasileiros,
mas a mudança só será possível
se esse tipo de atitude mudar.
A importância disso é de que, em um país
de jovens politizados, o futuro é promissor, pois
aqueles que hoje apenas observam e estão iniciando
sua participação política, provavelmente
já saberão como agir no futuro, procurando
evitar erros e encaminhar seu país para uma melhor
condição.
Apesar
de pesquisas, como a do IBGE de novembro de 2005, mostrando
que cerca de 28% dos jovens envolve-se com política
e assuntos de cunho social, serem consideradas bons índices
para o Brasil, esse resultado deve ser encarado como pífio.
O jovem é o futuro do país, e como tal, deve
estar antenado para o que acontece na política e
na sociedade que o envolve. Claro que, em um país
em que parte dos cidadãos não tem nem o que
comer, esse processo é mais difícil e demorado,
mas para aqueles que tem acesso à informação
e a cultura, o engajamento é fundamental, para que
todos os jovens sigam essa postura.
Taxar
a juventude atual de alienada, é preconceito. Mas,
a despeito dos alienados, para os jovens que realmente se
importam com os rumos do país, cabe o exemplo do
que ocorre atualmente no Chile. Lá, bem próximo
ao Brasil, uma legião de estudantes secundaristas
levantou-se em prol de suas reivindicações,
que se referiam a transporte livre, modificações
no critério de avaliação universitária,
revisão da lei educacional. Passeatas, protestos
e ocupações escolares por meio de uma integração
grandiosa, pararam o país. Conscientização
pura.
O Brasil não precisa de uma legião de revolucionários
incandescidos, mas de uma juventude consciente de seus deveres
e de seu poder, como a chilena, pois, apesar do que muitos
pensam, os jovens podem e devem mudar esse país.
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