Rondinelli
Suave e Claudia Sabadini
19 e 32 anos, 2º
Comunicação
Social -Centro Universitário São Camilo/ES
Cachoeira do Itapemirim- Espírito Santo
Qualidade dos debates na mídia
Em vésperas eleitorais, a imprensa começa
a oferecer ao eleitor entrevistas com os candidatos. Sobre
as sabatinas às quais os políticos são
submetidos, Parraro Sherrer conclui que isso ajuda o eleitor.
Pesquisas mostram que a maioria da população
não vê programa eleitoral e que esse desinteresse
se acentua caso o voto fosse facultativo. Nesse cenário,
os debates nas mídias televisiva, eletrônica
e outras contribuem para o entendimento.
Por outro lado, muitos vêem nas sabatinas erros de
abordagem aos candidatos. "Era como se os entrevistados
estivessem vestidos de um concorrente e tentassem o tempo
todo vincular o presidente (Lula) a temas sobre os quais
ele tem passado inatingível, já que sua aceitação
junto ao eleitorado é imensa. Os entrevistadores
esqueceram de perguntar o que o povo gostaria e fizeram
as perguntas que os adversários queriam. Temas importantes
como Saúde, Educação, Ecologia, Economia,
Habitação, Carga Tributária, Dívida
Pública passaram esquecidos" esclarece Ilauro
Oliveira, sobre o debate de 10 de agosto do Jornal Nacional,
da TV Globo.
Assim, a função social se mistura com o poder
de persuasão. E, enquanto a sujeira na política
vira tema exposto à exaustão pela imprensa
nacional, os candidatos marginais ganham destaque na mídia,
votos e poder de barganha com os manda-chuva de chapas poderosas.
Candidatos e elite econômica
Uma candidatura pode desagradar um ou outro segmento dos
setores empresariais. Pergunta-se: a economia corre riscos
ou a questão é apenas a preferência
dos barões da economia por um candidato? Para Ilauro
Oliveira, nenhuma candidatura que se submete aos processos
normais de uma democracia seria capaz de ameaçar
uma ordem capitalista em um país como o Brasil, onde
as instituições são sólidas
e o poder da imprensa é avassalador. "Mantida
a essência do capitalismo, os setores opostos se submetem
à vontade das urnas. Mas sem essa manutenção
da ordem econômica, acredito que um governo possa
sofrer sérias retaliações, sobretudo
do capital volátil do mundo, que alimenta os mercados
financeiros dos países do Terceiro Mundo ou em desenvolvimento",
confirma. Esse capital volátil pode 'fugir' de um
país só para causar transtornos a um determinado
governo.
O PT assumiu o poder federal em um sistema livre, mas financiado
exclusivamente pelo poder do grande capital, ao qual aliou-se.
E o poder do dinheiro nas campanhas interfere nos programas
de governo dos candidatos. Os empresários fazem uma
leitura antecipada dos rumos do país, têm dinheiro,
manejam a população mal informada. Lula assumiu
a presidência com esmagadora aceitação
popular, mas, reeleito, perderia apoio dessa expressiva
parcela. "Ele perdeu a chance de pressionar a elite
e trabalhar pelo povo", analisa Parraro.
Lula, antes de ser eleito em 2002, e quando a elite mundial
constatou esse fato, teve de assinar uma carta de compromissos
aceitando questões vitais ao poder econômico,
como o superávit primário. Se não se
submetesse a isso possivelmente não seria eleito
ou teria grandes dificuldades em governar, sofrendo inclusive
todo o tipo de boicote. O Partido dos Trabalhadores condena
o abismo social brasileiro ocasionado pelo enriquecimento
de uma minoria, como os banqueiros, por exemplo, mas estes
mantêm lucros exorbitantes no governo petista.
Terceiro Setor
Quanto aos instrumentos do Terceiro Setor para zelar pela
ética na política, como Organizações
Não Governamentais (ONG's) e o trabalho de diversos
movimentos sociais, Parraro e Ilauro destacam a ação
da Igreja Católica em orientar os fiéis a
votarem corretamente, em políticos honestos. Apesar
do desinteresse público por política, as emissoras
orientam os ouvintes sobre a conseqüência do
voto. Afirma Ilauro: "A Igreja é um forte instrumento
de mobilização e ao se ocupar de questões
como essa contribui para a evolução do processo
eleitoral".
Ilauro Oliveira se manifesta cauteloso com o segmento das
ONG's: "Uma pesquisa inédita realizada pelo
Centro de Estudos do Terceiro Setor, da Fundação
Getúlio Vargas, com mais de três mil ONG's,
revelou que praticamente 60% delas se mantêm com algum
tipo de recursos públicos. Outra boa parte com recursos
privados. É preciso perguntar quem está por
trás delas e qual o grau de honestidade dessas pessoas",
avalia.
"Tenho formação no Movimento Estudantil.
Liderados pela UNE (União Nacional dos Estudantes),
nos anos 80 e início dos 90 os movimentos influenciavam,
faziam barulho. O movimento puxou os caras pintadas às
ruas em 1992, tínhamos razões radicais para
brigar, protestávamos nas prefeituras. O jovem hoje
está acomodado, sabe quem governa os Estados Unidos
mas desconhece seu próprio bairro", constata
Parraro. Mesmo com ferramentas poderosas nessa revolução
tecnológica das comunicações, da Internet
aos jornais locais, predomina timidez no Terceiro Setor.
Uma alternativa para reavivar objetivos dos movimentos estudantis
já extintos e baqueados após a redemocratização
seria a criação de grêmios estudantis.
Porém, escolas particulares não os incitam
e muito menos as públicas, cujos educadores são
empossados pelo poder político.
Mídia,
Governo e Voto no Brasil
Parte
I -Rondinelli Suave
Debates
na mídia, candidatos e Terceiro Setor
Parte
II -Rondinelli Suave
Força
do Voto
Parte
III -Rondinelli Suave
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