Dezembro de 2006- Nº 04    ISSN 1982-7733
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Debates na mídia, candidados e Terceiro Setor

Rondinelli Suave e Claudia Sabadini
19 e 32 anos,
Comunicação Social -Centro Universitário São Camilo/ES Cachoeira do Itapemirim- Espírito Santo

Qualidade dos debates na mídia

Em vésperas eleitorais, a imprensa começa a oferecer ao eleitor entrevistas com os candidatos. Sobre as sabatinas às quais os políticos são submetidos, Parraro Sherrer conclui que isso ajuda o eleitor. Pesquisas mostram que a maioria da população não vê programa eleitoral e que esse desinteresse se acentua caso o voto fosse facultativo. Nesse cenário, os debates nas mídias televisiva, eletrônica e outras contribuem para o entendimento.

Por outro lado, muitos vêem nas sabatinas erros de abordagem aos candidatos. "Era como se os entrevistados estivessem vestidos de um concorrente e tentassem o tempo todo vincular o presidente (Lula) a temas sobre os quais ele tem passado inatingível, já que sua aceitação junto ao eleitorado é imensa. Os entrevistadores esqueceram de perguntar o que o povo gostaria e fizeram as perguntas que os adversários queriam. Temas importantes como Saúde, Educação, Ecologia, Economia, Habitação, Carga Tributária, Dívida Pública passaram esquecidos" esclarece Ilauro Oliveira, sobre o debate de 10 de agosto do Jornal Nacional, da TV Globo.

Assim, a função social se mistura com o poder de persuasão. E, enquanto a sujeira na política vira tema exposto à exaustão pela imprensa nacional, os candidatos marginais ganham destaque na mídia, votos e poder de barganha com os manda-chuva de chapas poderosas.

Candidatos e elite econômica

Uma candidatura pode desagradar um ou outro segmento dos setores empresariais. Pergunta-se: a economia corre riscos ou a questão é apenas a preferência dos barões da economia por um candidato? Para Ilauro Oliveira, nenhuma candidatura que se submete aos processos normais de uma democracia seria capaz de ameaçar uma ordem capitalista em um país como o Brasil, onde as instituições são sólidas e o poder da imprensa é avassalador. "Mantida a essência do capitalismo, os setores opostos se submetem à vontade das urnas. Mas sem essa manutenção da ordem econômica, acredito que um governo possa sofrer sérias retaliações, sobretudo do capital volátil do mundo, que alimenta os mercados financeiros dos países do Terceiro Mundo ou em desenvolvimento", confirma. Esse capital volátil pode 'fugir' de um país só para causar transtornos a um determinado governo.

O PT assumiu o poder federal em um sistema livre, mas financiado exclusivamente pelo poder do grande capital, ao qual aliou-se. E o poder do dinheiro nas campanhas interfere nos programas de governo dos candidatos. Os empresários fazem uma leitura antecipada dos rumos do país, têm dinheiro, manejam a população mal informada. Lula assumiu a presidência com esmagadora aceitação popular, mas, reeleito, perderia apoio dessa expressiva parcela. "Ele perdeu a chance de pressionar a elite e trabalhar pelo povo", analisa Parraro.

Lula, antes de ser eleito em 2002, e quando a elite mundial constatou esse fato, teve de assinar uma carta de compromissos aceitando questões vitais ao poder econômico, como o superávit primário. Se não se submetesse a isso possivelmente não seria eleito ou teria grandes dificuldades em governar, sofrendo inclusive todo o tipo de boicote. O Partido dos Trabalhadores condena o abismo social brasileiro ocasionado pelo enriquecimento de uma minoria, como os banqueiros, por exemplo, mas estes mantêm lucros exorbitantes no governo petista.

Terceiro Setor

Quanto aos instrumentos do Terceiro Setor para zelar pela ética na política, como Organizações Não Governamentais (ONG's) e o trabalho de diversos movimentos sociais, Parraro e Ilauro destacam a ação da Igreja Católica em orientar os fiéis a votarem corretamente, em políticos honestos. Apesar do desinteresse público por política, as emissoras orientam os ouvintes sobre a conseqüência do voto. Afirma Ilauro: "A Igreja é um forte instrumento de mobilização e ao se ocupar de questões como essa contribui para a evolução do processo eleitoral".

Ilauro Oliveira se manifesta cauteloso com o segmento das ONG's: "Uma pesquisa inédita realizada pelo Centro de Estudos do Terceiro Setor, da Fundação Getúlio Vargas, com mais de três mil ONG's, revelou que praticamente 60% delas se mantêm com algum tipo de recursos públicos. Outra boa parte com recursos privados. É preciso perguntar quem está por trás delas e qual o grau de honestidade dessas pessoas", avalia.

"Tenho formação no Movimento Estudantil. Liderados pela UNE (União Nacional dos Estudantes), nos anos 80 e início dos 90 os movimentos influenciavam, faziam barulho. O movimento puxou os caras pintadas às ruas em 1992, tínhamos razões radicais para brigar, protestávamos nas prefeituras. O jovem hoje está acomodado, sabe quem governa os Estados Unidos mas desconhece seu próprio bairro", constata Parraro. Mesmo com ferramentas poderosas nessa revolução tecnológica das comunicações, da Internet aos jornais locais, predomina timidez no Terceiro Setor.

Uma alternativa para reavivar objetivos dos movimentos estudantis já extintos e baqueados após a redemocratização seria a criação de grêmios estudantis. Porém, escolas particulares não os incitam e muito menos as públicas, cujos educadores são empossados pelo poder político.

Mídia, Governo e Voto no Brasil
Parte I -Rondinelli Suave

Debates na mídia, candidatos e Terceiro Setor
Parte II -Rondinelli Suave

Força do Voto
Parte III -Rondinelli Suave

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