Julho de 2007 - Nº 06    ISSN 1982-7733
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A construção da cultura num meio sem fronteiras


Maria Helena Villas Boas Concone

Antropóloga, professora do Depto de Antropologia/PUC-SP e da Pós-graduação em Ciências Sociais/PUC-SP

Quando entramos numa sala de bate-papo da Internet, podemos de fato estar encontrando esses “outros”, com os quais trocamos idéias, jogamos conversa fora, nos divertimos. Quanto mais próximo cultural e socialmente estiver esse “outro”, tanto mais fácil, a comunicação; há menos barreiras (inclusive lingüísticas) a serem vencidas; há uma certa compreensão imediata.

Quando o “outro” é distante social e culturalmente temos que ir tateando o caminho. Em qualquer caso, mas, sobretudo, nessa troca entre diferentes, as condições de alargamento de horizontes e de exercício de tolerância estão dadas. Pode ser uma atividade extremamente enriquecedora, desde que não se limite apenas a ela. Isto é, que a experiência virtual não exclua outras.

Vivemos hoje um mundo globalizado; vale dizer que há interdependências, conexões e trocas de toda ordem: econômicas, financeiras, culturais. A Internet é um instrumento destas conexões e dessas trocas. Graças a essa tecnologia, independentemente dos fusos e dos relógios, qualquer acontecimento pode ser acessado em qualquer lugar em tempo real. Podemos nos comunicar com qualquer outro usuário em qualquer ponto do globo, individual ou coletivamente. Basta ter os meios.

O uso generalizado de computadores e outros aparelhos eletrônicos, está trazendo algumas conseqüências como é o caso do seu relativo barateamento, acompanhado de  sua sofisticação cada vez maior e cada vez maior capacidade. Os computadores saíram de nichos exclusivos (laboratórios de cientistas, por exemplo) para ganhar as Universidades e as escolas elementares; saíram dos escritórios para as residências; saíram do mundo do trabalho para o mundo do lazer. Quem não tem seu aparelho pessoal pode sempre contar com algum amigo, alguma escola, ou -  melhor ainda - um cyber-café, uma lan-house. A Internet oferece a possibilidade de visitar lugares, acessar informações e participar de salas virtuais de bate-papo.

A tecnologia computadorizada também procedeu a uma outra mudança: uma certa inversão  geracional. Filhos ensinando pais e não o contrário. É comum ouvir pais e mães orgulhosos com a inteligência e precocidade dos filhos no uso do computador: “Fulaninho (que só tem 11 anos) me ensinou a usar o pen-drive!”. “Beltraninha (com 10 anos) me ensinou a usar o computador”.

É bem verdade que o uso dos PC pode ter começado no tempo dos avós e pais dos atuais  usuários (jovens, adolescentes ou crianças). Mas estes, entretanto, já nasceram e cresceram num mundo computadorizado. Quase se pode falar que, pelo menos para alguns segmentos da nossa sociedade, a familiaridade vem do berço. Qualquer um pode aprender a usar um computador  e saber usar com maior ou menor competência, os recursos colocados à sua disposição, mas é inegável que a familiarização coloca a tecnologia entre os saberes corriqueiros; desmistifica, não dá espaço ao medo de uso inadequado, aguça a curiosidade.

O mundo virtual já é para essa geração, cada vez menos virtual e cada vez mais real (filmes antigos e recentes têm explorado essa vertente), se é que podemos nos expressar assim.

Nas salas de bate-papo, jovens de diferentes culturas, classes sociais e credos religiosos, entram em contato, conversam; de fato, atravessam culturas. O inglês tem funcionado como uma espécie de “esperanto” atual. A comunicação na língua que não é a nossa pode criar dificuldades e limites, mas nada que os aficionados não enfrentem  com galhardia apesar dos erros possíveis e das traduções literais equivocadas. Comunicam-se como se não houvesse distinções de toda ordem; não há uma verdadeira preocupação de entender o parceiro de bate-papo dentro de seu contexto. É como se todos fossem atemporais, não históricos, trans-culturais.

Aqui reside um desafio antropológico. Sempre acreditamos que o Homem (espécie) é um animal cultural, portanto, um produtor de sentidos, um inventor de mundos. A construção das culturas é um processo coletivo, social e histórico; os mundos culturais são diversos, processuais e, evidentemente, permanência e mudança neles convivem como faces de uma mesma medalha.  Muitos “internautas”, contudo, trafegam quase que na contramão dessas certezas; são eles mesmos construtores de novos mundos desprovido de fronteiras, desarticulados de um contexto. Um mundo virtual e concreto, num encontro de antinomias.

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